22 de mar. de 2010

Lula e o "infarto" das redes sociais

Quinta-Feira, dia 28 de Janeiro: após inaugurar uma Unidade Pronto Atendimento (UPA) em Recife (PE), o presidente Lula dá claros sinais de cansaço e mal estar. Após a cerimônia se dirigiu ao Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, para um jantar ao lado do governador Eduardo Campos (PSB-PE). No aeroporto, um avião lhe aguardava, pronto para embarcar para Davos (Suiça) onde receberia o prêmio de "Estadista do ano" no Fórum Econômico Mundial. Minutos depois do avião ter decolado - era 00:30, horário de Brasília -, seu médico pediu para que suspendesse o vôo, pois o presidente tinha acabado de sofrer uma crise hipertensiva. Lula foi levado às pressas para o Hospital Português, onde recebeu atendimento médico.

Enquanto o fato começou a ganhar contorno somente trinta minutos depois, com a primeira postagem no portal Band News, UOL, Terra e Ig, nas redes sociais os usuários possuiam acompanhamento diário da evolução do quadro clínico do presidente. Os portais divulgavam a notícia de que o presidente havia dado entrada pela emergência do Hospital, ao passo que na internet, muitos usuários já diziam os exames previamente realizados durante o encontro com os médicos.

As redes sociais têm desempenhado um papel muito mais rápido e competente do que os meios convencionais - jornal, rádio e televisão. Estes não têm estrutura logística e operacional para suportar o "boom" das novas mídias, atualmente disponíveis na internet.

Também queremos ganhar!

A cultura brasileira tem a peculiaridade em manter vivas piadas de cunho sexual e racial. No vasto repertório de humor encontramos piadas sobre negros, nordestinos, portugueses, gays, entre outras. Diz o ditado que “toda brincadeira tem seu fundo de verdade”. E tem mesmo. Prova que essas brincadeiras aparentemente inofensivas refletem um triste quadro de preconceito e desigualdade ainda forte no Brasil.

Apesar dos inúmeros avanços feitos no campo cultural, social e legal, os negros ainda são alvo predileto de preconceito vociferado pela elite nacional através dos meios de comunicação. Eles são os mais prejudicados com a chuva que alagou a maior cidade do país – São Paulo. Também são eles os prejudicados na guerra entre policiais e traficantes no Rio de Janeiro. Além disso, compõem a base da pirâmide produtiva, com remunerações incompatíveis com a paixão e a dedicação ao trabalho que possuem.

Já no topo da pirâmide, os números não são animadores. Dados do Instituto Ethos e do Ibope de 2006 mostram que somente 3,4% ocupam cargos de Presidência ou Diretoria dentro de grandes empresas. Nos cargos de Gerência o número aumenta para 9% e o percentual aumenta a medida que os cargos diminuem na hierarquia empresarial. São 13,5% ocupando cargos de Supervisão e 26,4% nos demais cargos, de natureza operacional.

Embora o quadro nada animador em vários setores, os negros gritam pelos quatro cantos do país: “também queremos ganhar!” E aos poucos estão saindo so rincões, das periferias, favelas e  ganhando destaque na mídia, na política e no mundo corporativo. O exemplo mais recente veio do técnico Andrade, que faturou o Brasileirão 2009 como técnico do Flamengo. Uma pena que o título não tenha ido para o meu Tricolor Paulista. Faz parte…

A revista Rolling Stone Brasil, em sua 39ª edição, entrevistou o rapper Mano Brown, dos Racionais Mc’s, depois de 3 anos de negociação. Para mim foi uma surpresa vê-lo de visual e cabeça renovados na entrevista que cedeu à revista. Muitos fãs se perguntaram o motivo do cordão de prata, das regatas, do boné de marca se ele representa a periferia que não tem infra-estrutura de qualidade e saneamento básico. Nas palavras do Presidente Lula, um povo que vive na “merda”. Nas entrelinhas ele grita, como tantos negros mundo afora: “Também quero ganhar!”. E ele leva alguns de seus irmãos da periferia para essa vitória, tão necessária para os afro-brasileiros.

De tanto vencerem em vários espaços, os afro-americanos conseguiram eleger Barack Obama, o primeiro presidente negros dos Estados Unidos. Com certeza esse evento serviu de inspiração para os negros de todo mundo, inclusive aqui no Brasil. Depois de eleger Lula como primeiro presidente nordestino e trabalhador, temos a chance de eleger a primeira presidente mulher. Sonhamos com o primeiro presidente afro-brasileiro, que seja tudo isso e mais um pouco. Exatamente como Obama é para os norte-americanos.


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Blueprint 3 (Jay-Z)


Quem esperava músicas como “Dirt Off Your Shoulder” ou “Izzo (HOVA)” pode se decepcionar com o novo trabalho do rapper, entitulado The Blueprint 3. Produzido por Kanye West, o 11º álbum da carreira dele tenta repetir o sucesso de vendas dos outros dois álbuns – Blueprint e Blueprint 2: The Gift and the Curse. Logo na primeira semana, Blueprint 3 vendeu mais de 400 mil cópias. Nada mal, se levarmos em consideração a facilidade de baixar músicas e discografias completas. Mesmo não aparecendo aquela empolgação e pique dos tempos áureos, Jay-Z mostra que acima de tudo é um rapper constante. Se mantém na crista do rap game.

Enquanto rappers como Eminem e 50 Cent tiveram queda progressiva em suas vendas e logo foram esquecidos pela mídia, Jay-Z se manteve atualizado e constante. Como ele mesmo disse na música Izzo (HOVA): “Can’t leave rap alone, the game needs me” (Não posso deixar o rap sozinho, o jogo precisa de mim). Em 2007 lançou “American Gangster”, como trilha sonora do filme homônimo, estrelado por Denzel Washington. Do álbum saíram os singles “Roc Boys” e “Blue Magic”, esta última com participação de Pharrell. A temática do disco gira em torno do filme, que relata a história de Frank Lucas (Denzel Washington) que ascende na cena do tráfico de drogas de Nova Yorque, após a morte de seu mentor, um dos grandes líderes negros do pós-guerra. Jigga, como também é conhecido o rapper, celebra sua ascensão progressiva no mundo do rap. No clipe da música “Roc Boys” ele chama seus parceiros – antes inimigos – de estrada: Nas e Diddy (Puff Daddy).

Jay-Z tenta enfim mostrar em Blueprint 3 como amadureceu. O amadurecimento da idade – 40 anos –, do tempo de estrada no rap e amadurecimento ideológico. Durante a campanha de Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos, o rapper foi um de seus principais porta-vozes, incentivando jovens e adultos a votarem no primeiro presidente afro-americano. A receita deu certo: Obama foi eleito em 2008 o 44º presidente estadunidense, sendo o primeiro negro. Uma vitória e tanto para os negros lá. Jay-Z, portanto, se encarrega de mostrar através de seu álbum, a chegada do seu amadurecimento.

Composto por 15 faixas, Blueprint 3 abandona a concepção “gangster” das capas anteriores: sai Jay-Z e entram os instrumentos musicais, todos de cor branca; Sai Cadillac Escalade, Crystal, Armand de Brignac e outras marcas que lembrem ostentação. No lugar encontramos contextos mais próximos da realidade do ouvinte. Embora Kanye West seja o ícone desta nova produção, o CD conta com bases feitas por Timbaland (Off That, Vênus vs. Mars e Reminder) Neptunes (So Ambitious), Swizz Beatz (On To The Next One) e NO I.D. (Thank You e D.O.A.).

Eduardo Pessoa