22 de mar. de 2010

Também queremos ganhar!

A cultura brasileira tem a peculiaridade em manter vivas piadas de cunho sexual e racial. No vasto repertório de humor encontramos piadas sobre negros, nordestinos, portugueses, gays, entre outras. Diz o ditado que “toda brincadeira tem seu fundo de verdade”. E tem mesmo. Prova que essas brincadeiras aparentemente inofensivas refletem um triste quadro de preconceito e desigualdade ainda forte no Brasil.

Apesar dos inúmeros avanços feitos no campo cultural, social e legal, os negros ainda são alvo predileto de preconceito vociferado pela elite nacional através dos meios de comunicação. Eles são os mais prejudicados com a chuva que alagou a maior cidade do país – São Paulo. Também são eles os prejudicados na guerra entre policiais e traficantes no Rio de Janeiro. Além disso, compõem a base da pirâmide produtiva, com remunerações incompatíveis com a paixão e a dedicação ao trabalho que possuem.

Já no topo da pirâmide, os números não são animadores. Dados do Instituto Ethos e do Ibope de 2006 mostram que somente 3,4% ocupam cargos de Presidência ou Diretoria dentro de grandes empresas. Nos cargos de Gerência o número aumenta para 9% e o percentual aumenta a medida que os cargos diminuem na hierarquia empresarial. São 13,5% ocupando cargos de Supervisão e 26,4% nos demais cargos, de natureza operacional.

Embora o quadro nada animador em vários setores, os negros gritam pelos quatro cantos do país: “também queremos ganhar!” E aos poucos estão saindo so rincões, das periferias, favelas e  ganhando destaque na mídia, na política e no mundo corporativo. O exemplo mais recente veio do técnico Andrade, que faturou o Brasileirão 2009 como técnico do Flamengo. Uma pena que o título não tenha ido para o meu Tricolor Paulista. Faz parte…

A revista Rolling Stone Brasil, em sua 39ª edição, entrevistou o rapper Mano Brown, dos Racionais Mc’s, depois de 3 anos de negociação. Para mim foi uma surpresa vê-lo de visual e cabeça renovados na entrevista que cedeu à revista. Muitos fãs se perguntaram o motivo do cordão de prata, das regatas, do boné de marca se ele representa a periferia que não tem infra-estrutura de qualidade e saneamento básico. Nas palavras do Presidente Lula, um povo que vive na “merda”. Nas entrelinhas ele grita, como tantos negros mundo afora: “Também quero ganhar!”. E ele leva alguns de seus irmãos da periferia para essa vitória, tão necessária para os afro-brasileiros.

De tanto vencerem em vários espaços, os afro-americanos conseguiram eleger Barack Obama, o primeiro presidente negros dos Estados Unidos. Com certeza esse evento serviu de inspiração para os negros de todo mundo, inclusive aqui no Brasil. Depois de eleger Lula como primeiro presidente nordestino e trabalhador, temos a chance de eleger a primeira presidente mulher. Sonhamos com o primeiro presidente afro-brasileiro, que seja tudo isso e mais um pouco. Exatamente como Obama é para os norte-americanos.


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