30 de set. de 2010

Segundo turno? Um DATAMITO!

O PIG dando bronca no nariz do Serra
Fácil, seguro e certo: as eleições vão para o segundo turno. Grandes amigos, colegas de trabalho, vizinhos, parentes e outras pessoas do círculo social fazem eco ao mesmo tema.

Indago aos camaradas qual a fonte de tanta confiança em um possível segundo turno. Noventa (90%) por cento deles dizem ter visto a informação em jornais de grande circulação: Correio Braziliense, o Globo, Folha, etc. 

Esses veículos utilizam os dados do Instituto Datafolha, do grupo Folha de São Paulo. Também é visível que esse grupo e os outros, citados anteriormente, apoiam, ainda que de forma implícita, a candidatura de José Serra.

Tendo como referencial os institutos Ibope, Vox Populi e Sensus, verifico que a fala dos meus amigos, alguns verdes, outros tucanos (embora a grande maioria seja esquerdista, não necessariamente do PT) perde a consistência.

Enquanto o Datafolha anaboliza Serra e Marina, para um eventual 2º turno, os dois institutos de pesquisa de Minas Gerais e o instituto paulistano (Ibope) são categóricos: dá Dilma no primeiro turno.

De fato, para a Sensus, Dilma tem 54,7% e Serra 29,5%; 

No Vox Populi, a candidata do PT tem 49%, Serra 25% e Marina 13%. Os dois últimos subiram 1 ponto e Dilma caiu 1 ponto. 

Faltando 03 dias para as eleições, é impossível que haja segundo turno.

Segundo Coimbra, presidente do Vox Populi, seria necessário que Dilma perdesse mais de 1 milhão de votos, para ter uma possibilidade de ir para o segundo turno.

A Folha, claro, faz a sua sangria (clique aqui)

A sangria midiática e da oposição - PSDB e DEM - virá dia 03 de Outubro.


28 de set. de 2010

Gela guela!

O tempo em Brasília fechou! Será sinal de chuva? Estamos há mais de 4 meses nessa situação:



Eduardo Pessoa

De José pra José, Marina!

Ela critica e se cala quando é para criticar; bate nos adversários, mas não chega a ofendê-los; apesar de seu corpo franzino, ela é "cool" e jovem. Sim, este ordinário blogueiro está falando de Marina Silva, a candidata do Partido Verde (PV).

Marina vem conquistando adeptos famosos por todo o Brasil. De Lúcia Hippolito passando por Wagner Moura e Giselle Bundchen, a candidata verde representa o lado "clean" da direita e do conservadorismo nacional.

Os eleitores que não simpatizam com a oscilação estratégica de Serra - ora agride, ora é agredido - estão migrando seus votos para Marina Silva. Ela, que veio do Acre, foi educada no projeto Rondon e teve uma brilhante carreira política pelo PT, agora mudou de lado. 

O Partido Verde, apesar de suas nobres bandeiras progressistas, esconde nas entrelinhas uma afinidade com a direita brasileira. De fato, Marina Silva, embora afirme que seu adversário Serra também agrida jornalistas, está do lado do tucano.

A mídia corporativa nacional, simpatizante da candidatura tucana, está se utilizando de Marina Silva para conquistar votos e levar a eleição para o segundo turno. E com isso ressuscitar o (natimorto) Serra.

A medida é impossível, já que falta menos de uma semana para as eleições. O Tracking IG/Vox Populi mostra Dilma estável com 49% e Serra com 37% (soma de seus votos e de Marina). O que não mudaria o quadro já anunciado por Sensus e Vox: vitória de Dilma no primeiro turno. 

O que a nobre candidata Marina Silva não percebe é que ela repete, com todas as letras, a atuação da esquerda radical e caricaturada que Heloísa Helena se prestou a fazer nas últimas eleições. 

Por conta de seu radicalismo, contribuiu para que Geraldo Alckmin levasse a eleição para o segundo turno, em 2006. Lula ganhou, mas ganhou com aperto em algumas regiões. 

Marina cumpre agora o mesmo papel: criticar os avanços feitos pela esquerda ,através do PT, e simular uma "rivalidade" com o adversário tucano. Embora adversária de Serra, Marina se tornou uma aliada da mídia brasileira. 

É através dela que a mídia pode destilar seu ódio contra os avanços do governo Lula e contra as massas que ele ajudou a erguer em seu governo. Ele representa o "mal", segundo editorial do Estadão, contra o "avanço" que Serra representaria.

É provável que como Serra, Marina tenha um fim melancólico: depois de trair os anos que militou e participou politicamente do PT, e fazer o jogo da direita, a candidata "verde" cairá no ostracismo tal qual Serra.

Será lembrada como a candidata verde que depois de um tempo, ficou com tons de azul. 

P.S:  Para entender o título: "De mulher pra mulher..."


27 de set. de 2010

A cor do debate: cadê?

O debate de ontem, na Rede Record, aponta para uma reta final emocionante nas eleições de 2010.

O resultado de Dilma (PT) e Serra (PSDB) mostra empate técnico para os dois candidatos. Ambos jogaram o "feijão com arroz" no debate de ontem. Para Dilma, "o empate é um bom resultado", já diria Zagallo; para Serra, não. 

A estrela da noite foi Marina Silva, desmascarada por Dilma e Plínio. Este, aliás, desferiu toda a sua artilharia radical sobre os candidatos. Não poupou Serra, quando questionado sobre o tema Educação. 

Os grandes temas foram abordados ontem durante o debate. A candidata do PT se saiu melhor, embora estivesse com uma postura mecanizada e artificial. A impressão que deixou em muitos telespectadores foi essa: ingessada no seu discurso.

Plínio inclusive alfinetou a adversária dizendo que foi "criada" por Lula. A réplica de Dilma foi um primor de bom senso histórico e de clamor pela democracia, elementos fortes da candidata petista.

Diante de tantos temas que interessam aos brasileiros, - Educação, Saúde, Segurança, Emprego - por qual motivo o tema RACISMO ficou de fora do debate? 

Seria um prato cheio para Serra ou Dilma conquistarem ou perderem votos. 

O momento é histórico e oportuno. Ainda mais depois da pesquisa divulgada pelo IBGE, em que o número de negros e pardos já ultrapassa o de brancos.

Apesar da involução econômica, citada na mesma pesquisa, em que negros e pardos ganham 40% menos que brancos, o tema merece atenção.

No debate de ontem, ele ficou sem cor. Entre farpas e acusações, o tema racial não passou perto. Sequer passou longe: indiferença dos postulantes a Presidência.

Dilma não explorou o tema a fundo, provavelmente por conta do Estatuto da Igualdade Racial, aprovado pelo Congresso Nacional. A proposta não foi digerida pelo movimento negro.

Serra não explorou o tema, pois sua postura política e sua gestão no governo de São Paulo evidenciam o preconceito étnico. 

De fato, durante as enchentes que paralisaram a cidade por três meses, os bairros mais pobres, formados por moradores negros (e brancos pobres) foram os mais prejudicados pela chuva. O que Serra fez?

Nada.

O rapper Mano Brown, do grupo Racionais Mc's, já disse: a candidatura do Serra para o Brasil "seria um desastre".

Veja o vídeo:


Vale ressaltar que Mano Brown, assim como muitos brasileiros simpatizantes no governo Lula, não acreditou na sua capacidade de transferir votos para Dilma.

E conseguiu transferir votos, algo impossível e impensável politicamente.

Voltando ao debate...

Marina e Plínio, imersos em utopias e projetos intangíveis, sequer evidenciaram o tema. Perderam uma grande oportunidade de captar votos ou tirar votos de Dilma e Serra.

Marina Silva, que se declara negra, sequer comentou a pesquisa ou fez menção ao assunto. Pelo contrário: usou o espaço do debate para atacar adversários. Se deu mal, pois foi revidada a altura por Dilma e Plínio.

Plínio, cuja lucidez aos 80 anos surpreende os mais jovens, destila o preconceito da esquerda que não aceita os avanços, ainda parcos, da gestão Lula. 

Por qual motivo a candidata Dilma Rousseff, que lutou pela democracia e quase perdeu a vida em nome da liberdade dos brasileiros, não citou a democracia racial que os negros tanto almejam?

Por qual motivo o candidato José Serra, que já foi membro da União Nacional dos Estudantes nos anos 60, não cita os negros que ajudaram a construir o Estado de São Paulo?

Por qual motivo Marina Silva, discípula de Chico Mendes, recusou-se a ficar do lado dos movimentos sociais e das forças políticas que a apoiaram, quando ainda era senadora pelo Acre, e se debruçou, repentinamente, nos braços da direita, esquecendo dos negros que acreditaram em seu discurso?

Por qual motivo Plínio, ícone do socialismo brasileiro, esquece que, no Brasil, a luta de classes também tem como elemento, a luta contra o racismo e o preconceito étnico contra as minorias, incluindo os afro-brasileiros?

Nos oito (8) anos de Governo Lula, os negros adquiriram poder aquisitivo e aos poucos estão se inserindo no mercado interno de massas. Os negros já compram bem duráveis, tem imóvel próprio e realizam sonhos antes inimagináveis.

Essa parcela importante da população, que agora está presente em maior quantidade, não pode ser esquecida. Os negros não estão só na senzala, como conhecíamos nos livros de história: os negros já estão na casa grande também!

Os candidatos têm medo de abordar o tema? Temem que o Brasil se torne uma nação "africana"?  "O Haiti é logo ali", será lema preconceituoso nas campanhas? O debate de ontem foi intenso, vivo, com farpas e acusações. 

Mas faltou a cor dos negros nesse debate. Usando a gíria que o Serra disse ontem, não foi nada "nice".


24 de set. de 2010

Serra: o "rotweiller" que agride jornalistas!

Mostrei no post de ontem (clique aqui) como o candidato a presidência, José Serra (PSDB) utilizou de seu mais novo spot publicitário. Nele, o candidato afirma que o Partido dos Trabalhadores (PT) e sua candidata Dilma Rousseff calam a imprensa brasileira.

Com direito a revista Veja pegando fogo, rotweillers enfurecidos e a Esplanada dos Ministérios pintada de vermelho - cor símbolo do PT - a mídia se sente "acuada" diante de Dilma. 

O que, no entanto, deixou de ser exibido pelo conglomerado midiático que apoia a candidatura de Serra, embora não o tenham feito explicitamente - pois sabem que fazendo, perderiam a pouca credibilidade que lhes resta -, foi mostrar, em rede nacional, a atitude do candidato diante de jornalistas que lhe fizeram perguntas "incômodas".

Eles se calam por unanimidade quando seu candidato, intimida, agride e até mesmo demite jornalistas que fazem perguntas contundentes. Perguntas que mostram aos olhos da população, a fragilidade de suas políticas públicas enquanto governador de São Paulo.

O preço elevado dos pedágios - comparados com os do Governo Federal -, as enchentes que inundaram São Paulo e que deixou bairros meses embaixo d'água, atraso em obras importantes, como o Metrô, dão a sensação de que existe postura gerencial para administrar o Estado mais rico do Brasil.

Da mesma forma a fragilidade de seu programa de governo. Sim, ele tem programa de governo. Uma de suas propostas é retomar as privatizações; relativar o papel dos bancos (privatizar); construir praças de pedágio a nível federal; favelizar o Brasil de ponta a ponta.

Ele, porém, não pode assumir publicamente seu programa de governo. Nesm mesmo a mídia, que entrou em campo e hoje disputa ponto a ponto a eleição com Dilma Rousseff, pode fazê-lo. Portanto, como forma de esconder ou camuflar seu comportamento, que eticamente é questionável, se comporta de forma leviana com alguns veículos. 

Diz que esses meios são "Pró-Dilma". É difícil acreditar que grupos como CNT, RBS e outros sejam favoráveis ou simpatizantes do governo. Também é questionável que os jornalistas desses meios repitam "trrololós petistas", nas palavras do candidato tucano. 

São veículos comerciais, como o grande conglomerado midiático, que fazem jornalismo. Este blogueiro não vai emitir juízo de valor, por não acompanhar o trabalho desses dois grupos.

O que é perceptível é a estrutura das perguntas. Elas são as mesmas para os candidatos. A RBS, grupo que coordena o jornal Zero Hora, durante o debate com os presidenciáveis, teve uma de suas jornalistas agredidas verbalmente por Serra. Herodoto Barbeiro, da CBN - que apoia Serra - fez uma pergunta sobre pedágios e foi demitido no dia seguinte da TV Cultura.

Esses e outros episódios de agressão do rotweiller tucano estão no vídeo abaixo. Vale a pena conferir:


23 de set. de 2010

Dilma e os Rotweillers da mídia!

O então candidato a Presidência da República, Ciro Gomes (PSB-SP) disse que a presença de José Serra (PSDB) na campanha eleitoral é sinônimo de baixaria.

E disse mais: que ele - Serra - seria capaz de passar um trator por cima da mãe.

Pois bem! 

Circula pela internet um vídeo chamado "O Brasil não é do PT", da coligação de José Serra, "O Brasil Pode Mais". Reproduzo abaixo:


Concordo: o Brasil não é do PT, mas também não é do PSDB, do DEM, do PPS, de nenhum partido político. O Brasil pertence ao povo que o constituiu e que por séculos foi usado como massa de manobra pela elite nacional.

A elite, caracterizada na figura de José Serra, cuja saudade do poder lhe sobe a cabeça diariamente, conta com o apoio incondicional e irrestrito de alguns veículos de comunicação, para reverter o irreversível: a vitória de sua adversária, Dilma Rousseff (PT) da vitória no dia 03 de Outubro, ainda no 1º turno.

O vídeo, que faria inveja a Goebbels (Secretário da Propaganda Nazista de Hitler), é (mais) uma tentativa de José Serra tentar levar o pleito para o segundo turno. 

Embora a Datafolha tenha antecipado em 1 dia a divulgação de sua última pesquisa eleitoral, os institutos mineiros Vox Populi e Sensus mostram que as denúncias levantadas pelos veículos Pró-Serra não afetaram o resultado divulgado nas semanas anteriores.

Segundo eles, Dilma está estável, na casa dos 50%, enquanto Serra aparece com 24%. Na Datafolha, a candidata do PT aparece com 49% e o candidato do PSDB com 28%. Se compararmos os dados, houve evolução de Serra em 4 pontos e queda de Dilma em 1 ponto. A margem de erro é de 2 pontos percentuais na Datafolha.

Ataque midiático

No vídeo, Serra e sua coligação afirmam que o Partido dos Trabalhadores (PT) cerceou a liberdade de imprensa. São emblemáticas as imagens da televisão sendo amordaçada, à la Capitão Nascimento, o rádio com fita durex na "boca" e os jornais com suas manchetes apagadas.

Investigar e apurar os fatos é tarefa primordial da mídia.

No entanto, o que se vê é um engajamento político-midiático por parte dos grupos que se utilizam de sua prerrogativa e de princípios como imparcialidade e liberdade de expressão para fazer campanha de forma desinibida ao candidato do PSDB.

Censura?

Durante os oito anos em que foi Presidente da República, Lula teve um relacionamento difícil com a imprensa. Anualmente, o convívio com a mídia, em especial os veículos que hoje se dizem "amordaçados", foi ficando intragável. 

Mensalão, Operação Lunus 2006, Quebra de Sigilo da filha de Serra são apenas alguns capítulos desse difícil convívio, cujos relatórios e dossiês, obtidos de forma ilegal, serviram para manipular o resultado das eleições. Não ganharam, mas levaram para o segundo turno, sempre que puderam.

Não é este blogueiro que faz essas afirmações. Jornalistas experientes como Rodrigo Vianna e Luiz Carlos Azenha, que já trabalham na Rede Globo, contaram (e contam) os instrumentos e métodos utilizados para denegrir, em rede nacional ou nas manchetes seus adversários políticos.

Apesar de toda pancadaria por parte desse conglomerado político-midiático, Lula não reclamou e nem censurou. Pelo contrário: arregaçou as mangas e trabalhou para o povo que lhe elegeu. Faltando menos de duas semanas para as eleições, Lula se despede do governo com 80% de aprovação.

E isso deixa o PSDB de cabelo em pé. Portanto, quando Ciro Gomes disse que Serra na campanha é sinonimo de baixaria, ele não dizia em vão. Vale lembrar que Serra usou a própria filha, Verônica Serra, para imputar a culpa da quebra de seu sigilo fiscal ao PT.

O que os veículos pró-Serra não dizem é que V. Serra era sócia-proprietária de uma empresa, Decidir.com, que violou os dados de mais de 60 milhões de brasileiros. E José Serra, então governador de São Paulo, sabia do ocorrido. 

O que ele fez? 

Nada. 

E agora se indigna e fica enfurecido, como os rotweillers do vídeo.

A revista CartaCapital e seu jornalista Leandro Fortes noticiaram o episódio da Decidir.com. Ele fez com detalhes, com rigor, ouvindo os dois lados da história, sem omissões ou partidarismos.

A matéria, pela gravidade das informações levantadas contra Serra e sua família, foram publicadas nos meios de comunicação das nove famílias, nas palavras de Lula? 

Não.

Segundo Eliane Catanhêde, a revista "não tem credibilidade". Entre os meus botões, pergunto se Veja, Folha de São Paulo e outros veículos possuem gabarito para fazerem jornalismo imparcial, objetivo e "limpo". 

Difícil...

Os resultados das pesquisas e a atual conjuntura midiática revelam um cenário preocupante: um engajamento feroz e irracional da mídia.Uma reforma, isto é, desconcentrar o poder midiático não é questão de necessidade. 

Se a candidata do PT confirmar nas urnas o que vem confirmando nas pesquisas, sua governabilidade poderá estar prejudicada. Uma Ley de Medios no Brasil será vital para seu governo.

Quem se lembra da sabatina de Dilma Rousseff ao Jornal Nacional? O jornalista(?) William Bonner teve que ser interrompido pela esposa e também âncora (ou seria o contrário?), Fátima Bernardes. Vale a pena ver de novo:


O diploma de jornalismo, já combalido pela decisão do Supremo Tribunal Federal, está tendo seu golpe de misericórdia diário com a atuação questionável da mídia. Em especial dos veículos que apoiam José Serra. 

Não vamos nos enganar: existem veículos que apoiam a candidatura de Dilma.  CartaCapital declarou abertamente em seu editorial apoio a petista.

Pergunta: qual dos veículos que apoia Serra admitiu sua posição? 

Nenhum.

Embora façam de forma escancarada. Só não enxerga quem não quer ver. Quem não se lembra do jornalista William Waack, do Jornal da Globo?

Na edição do dia 27 de Agosto último, durante a exibição da matéria, saiu um sonoro "Cala a Boca!". Pergunta: terá sido para Dilma ou para alguém do estúdio que fazia barulho?


A justificativa até hoje não apareceu.

Mais uma vez, caso seja eleita, a candidata terá que encarar de frente as oligarquias midiáticas. Uma Ley de Medios é importante para diminuir o poder de influência e o tráfico de informação nas mãos de Globo, Veja, Folha e Co.

Quem não se lembra do comício de Dilma no Rio de Janeiro? O jornal Folha de Sâo Paulo divulgou matéria falando que Dilma sucateou o sistema elétrico gaúcho e que fez o mesmo com o Brasil. 

Veja o vídeo:


As contas da então Secretária de Energia e posteriormente Ministra de Minas e Energia foram aprovadas pelo Tribunal de Contas do RS e pelo TCU, respectivamente.

A Folha de São Paulo noticiou o fato?

Não.

Mas a FSP noticiou porém que a empresa contratada durante sua gestão em 1997 também foi contratada em 2009, quando já não era Ministra da Casa Civil. Muito menos da Minas e Energia.

O que uma coisa tem a ver com a outra?

Nada. 

Mas vale tudo, absolutamente tudo, para ganhar a eleição: inventar matérias, entrevistas fontes de reputação duvidosa (leia-se: Quicoli), associar fatos desconexos a Dilma e ao PT.

A medida parece não surtir o efeito desejado. Pela oposição. A campanha de Serra poderá sair derrotada no dia 03 de Outubro. 

O que irá acontecer com o PSDB? Vai sumir? Ficará pequeno? Aécio vai sair e fundar um novo partido?

Fazer oposição é difícil para quem sonha com o poder. Mas fique tranquilo: tudo não passa de um sonho.

O Brasil vive outra realidade. 

Eduardo Pessoa

20 de set. de 2010

Desculpem o atraso...

Desculpem o atraso na atualização do blog e de alguns posts do dia interior. Por conta do trabalho, do estudo e de não ter um computador portátil para atualizar o blog em qualquer lugar, as atualizações não serão tão "frescas" assim. 

Mas prometo melhorar. Agradeço a compreensão de todos!

O convite da serpente!

Na infância, meus pais ensinaram o princípio básico para todo e qualquer convite feito a uma pessoa: cabe ao convidado decidir se pode/quer ir ao evento ou não.

É falta de educação e bom senso obrigar a pessoa a aceitar o convite. Convite é uma "possibilidade" de participação, cuja decisão será do convidado. Ele vai conforme sua disponibilidade de tempo e se não há nada mais prioritário a ser resolvido. 

Hoje pela manhã saiu matéria no CorreioWeb mostrando algo parecido com um convite A chamada é sugestiva: "Dilma recusa convite de Álvaro Dias para prestar depoimento na CCJ".

Manchete do Correio Web de 20/09: o convite da serpente.

Ora, no estado de Direito que se vive no Brasil, prestar depoimento em uma Comissão fixa do Senado ou uma Comissão Parlamentar de Inquérito, a famosa CPI, não é um convite. É uma intimação! E intimação tem procedimentos para que o Judiciário ou o Congresso, usando do seu poder de juíz, pode utilizar.

E é isso que a oposição quer. O "convite" de Álvaro Dias, senador pelo PSDB do Paraná, tem um objetivo claro: ampliar a repercussão das matérias produzidas pelos meios de comunicação nas últimas semanas, para desestabilizar a candidatura de Dilma Rousseff. 

O último tracking IG/Vox Populi deu a candidata do Partido dos Trabalhadores com 53% e José Serra, o candidato do PSDB com 23% das intenções de voto. Matematicamente, Dilma estaria eleita ainda no primeiro turno. 

A campanha de José Serra entra em desespero a cada porcentagem de aumento da adversária nas pesquisas. Para reverter a situação, o recurso utilizado já é conhecido da população: chantagem.


Para que a chantagem tenha o efeito negativo desejado, vale tudo. Tudo mesmo! Vale inclusive usar como fonte um "consultor"  - Rubnei Quicoli - que acabou de sair da prisão, por interceptação de mercadorias e falsidade ideológica.

Para a mídia corporativa, não importam os antecedentes de sua fonte, mas sim como as informações ou "achismos" contribuem para inflar seu candidato: José Serra. E derrubar Dilma Rousseff.

A matéria da revista Carta Capital sobre o envolvimento da filha de José Serra, Verônica Serra, com a quebra do sigilo de 60 milhões de brasileiros não foi repercutida na mídia. Eliane Catanhêde - aquela da massa cheirosa, lembra? -, para defender os seus, disse que a revista "não tem credibilidade" para fazer as denúncias.

Como não tem credibilidade? O diretor de Carta é Mino Carta, que já trabalhou na revista Veja - quando ainda fazia jornalismo de qualidade - um dos criadores da revista IstoÉ, Quatro Rodas e da própria Carta Capital, onde atualmente é Diretor de Redação.

A matéria, por sua vez, foi escrita pelo jornalista Leandro Fortes. Não é um jornalista qualquer. O jornalista, de origem baiana, está em Brasília desde 1990 e já atuou no Correio Braziliense e nas sucursais do Estadão, Zero Hora, Jornal do Brasil, O Globo, revista Época e TV Globo.

A bagagem dos dois jornalistas - Mino e Fortes - garante um mínímo de credibilidade ao texto jornalístico, desqualificado por Catanhêde. O silêncio da mídia é justificável: repercutir matérias feitas por jornais "do governo" acusando Serra é prejudicial para sua (combalida) candidatura.

O silêncio dos grandes veículos também aparece quando Serra anuncia - pasmem - que o salário mínimo vai para R$ 600,00 - se eleito - e que vai dar ajuste aos aposentados de 10%. A princípio não há nada de errado, se pesasse o fato de Serra ser entusiasta das privatizações e do arrocho fiscal e salarial.

Seu sonho é dar prosseguimento às políticas de privatizações e arrocho fiscal iniciadas no governo Fernando Henrique Cardoso. Ele não pode assumir publicamente que quer privatizar o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e claro, a Petrobrás. A mídia, que o apoia, também não pode divulgar essas informações.

Poder até pode, mas preferiu outro papel: a oposição. A mídia não é só porta-voz da oposição, mas assumiu ela mesma a oposição político-partidária, prerrogativa de partidos como PSDB, DEM, PPS, PTB e outros.

Erenice Guerra, ex-ministra-chefe da Casa Civil, foi uma dos alvos da mídia, para enfraquecer a candidatura de Dilma. O caso merece o rigor nas investigações necessário para qualquer caso de uso político da máquina pública.

Mas o que a mídia quer é outra coisa: associar o esquema de Erenice Guerra e de seus familiares com Dilma. E a partir disso, colocar José Dirceu, operação Lunus de 2006 e assim por diante. Transformar esse confuso caldeirão de informações desencontradas em álibi para levar as eleições para o 2º turno.

Mais do que veículos jornalísticos: uma fábrica de dossiês. Um partido de oposição, já que a oposição utiliza a mídia para reverberar seu preconceito. Onde se encontra o candidato do PSDB, José Serra? A disputa eleitoral agora está entre Dilma Rousseff x Mídia corporativa.

Nas palavras do jornalista Paulo Henrique Amorim: (leia aqui) "Serra foi atropelado pela própria insignificância". 

Até o dia 03 de Outubro, esperem tudo das eleições. Da mídia, esperem panfletagem e não jornalismo. 

Eduardo Pessoa

18 de set. de 2010

Onde você guarda o seu Brasil?

A campanha eleitoral caminha para sua reta final. 

Dia 03 de Outubro o povo poderá decidir nas urnas duas vertentes que aparecem com nitidez: a continuidade do governo Lula, representado pela candidata Dilma Rousseff  (PT) ou a retomada do neoliberalismo, representado pelo candidato José Serra (PSDB).

Salta aos olhos, desde a redemocratização, a tecnologia empregada nas campanhas políticas  nos meios de comunicação. 

As imagens dos candidatos são nítidas e com a tecnologia HD - High Definition, alta definição - dos televisores atualmente disponíveis no mercado, a resolução das imagens é um elemento agregador de uma figura política.

As campanhas trabalham com valores que estão enraizados em nossa cultura popular. Os anos de colonização, de escravidão e de submissão aos Estados Unidos e Europa levaram o brasileiros a assimilarem conceitos genéricos que merecem atenção nesse momento. 

Dois deles chamam a atenção deste ordinário blogueiro: "educação de qualidade" e "homem de bem".

Nas sociedades contemporâneas, surgidas com a Revolução Industrial e aprofundadas com a globalização econômica,  os bons costumes nada mais são do que condutas e comportamentos do indivíduo em determinado contexto histórico e social. 

A conduta de um indivíduo pode mudar com a evolução da sociedade em que ele vive. 

O "homem de bem", conceito vivo no Brasil, representa aquele indivíduo que de uma forma ou de outra não transgride formalmente as estruturas estabelecidas. 

O conceito é amplo e genérico, pois para saber se alguém é do bem ou do mal, é importante ter um elemento, grupo ou situação concreta como parâmetro. Bem ou mal se comparado com quê? E com quem?

Um homem de bem, figura pública e notória, que aparece fazendo declarações públicas para sua esposa e seus filhos, e dias depois, é flagrado com uma amante, pode ser um homem de bem?

Um homem de bem, figura pública e notória, que esquarteja uma mulher, independente dos motivos que levaram a esse ato, pode ser um homem de bem?

Este blogueiro tem uma resposta: depende. Depende do referencial, depende do contexto, enfim, há uma série concatenada de fatos que precisam ser analiados de forma conjunta, para se obter a resposta. Ou consideração final, como preferir.

Na mesma linha o conceito de "educação de qualidade" aparece com veemência nas campanhas políticas, de todos os níveis (de Presidente a Deputado). Mas afinal, o que uma "educação de qualidade?"

Para tanto é necessário também estabelecer um parâmetro para fazer a comparação. De qualidade em relação a quê e a quem. 

Se se compara nossa estrutura educacional ao de países como Estados Unidos e Europa, é provável que a nossa educação esteja defasada em alguns níveis. 

Da mesma forma, comparando nossa educação dos anos 50 a de hoje, também encontraremos diferenças. 

E também é possível ter opiniões divididas quando se compara os dados da Educação do governo Sarney, Collor, FHC e Lula. O debate entre os candidatos sobre o tema acontece a nível superficial.

A superficialidade está nos valores impregnados no discurso, nas imagens e nas políticas públicas para o setor, que, embora os avanços feitos, precisa avançar e aprofundar mais o debate.

O Brasil não precisa de homens de bem; precisa de homens e mulheres pensantes. Pessoas conscientes de seu potencial e de que sua capacidade individual pode beneficiar empresas, governo e o país. 

O Brasil não precisa de "educação de qualidade"; precisa resgatar não somente a autoestima do professor, do docente universitário, mas resgatar a vontade do aluno pelo conhecimento.

Não basta ter uma estrutura com estética vanguarda que será chamada de "escola": é preciso que as idéias também circulem e o conhecimento seja interiorizado pelo indivíduo e exteriorizado em suas obras. 

Uma das formas de exteriorização das obras de um ser pensante e atuante é a arte. A educação brasileira precisa resgatar a parceria entre conhecimento literário e desenho. Estimular os alunos ao desenho, aliado ao texto.

A educação necessita ser livre de idéias e livres das amarras da sociedade e do Estado. Isso também não significa que a educação deva ser jogada aos tubarões da iniciativa privada, mas deve ser livre para circular: idéias e pessoas.

É importante que alunos e professores tenham autonomia para experimentar, realizar projetos, apresentar propostas e soluções em Português, Matemática, Física, Quimica, Comunicação, Artes, Política, entre outros.

O ensino religioso pode ser buscado por qualquer indivíduo no seio da sociedade. Participando do princípio de que a escola é um espaço público para construção do conhecimento, a religião pode ser construída dentro da escola, mas a nível intelectual, histórico, político. 

A doutrina pode ser exercida e almejada fora dos muros da escola. Portanto, o ensino religioso pode ser excluído da lista de atividades escolares, ou ser proposta como "optativa".

As pessoas têm direito a terem religião, serem crentes, agnóticos, ateus e laicos, mas não de serem leigos.

O avanço das políticas públicas do próximo governo vem acompanhado da descontrução do discurso impregnado de que os "homens de bem" podem governar e oferecer "educação e saúde de qualidade".

Romper com o discurso significa avançar filosoficamente e sedimentar uma sociedade mais justa, livre e equilibrada. 

Infelizmente, os políticos brasileiros não atingiram o nível intelectual de pensar o Brasil de forma republicana, isto é, de contribuir para a evolução do país e a eficiência do Estado, independente de suas doutrinas políticas. 

O que se vê são idéias e valores reforçados em discursos. Alguns inovadores; outros retrógrados. Embora as falhas ainda presentes em nossa estrutura social, os avanços feitos durante o governo Lula são ovacionados pelo povo e pela mídia internacional.

Aperfeiçoar e aprofundar esses avanços é uma forma de romper com o abismo que separa o Brasil, representado por Dilma Rousseff, que deseja prosseguir no avanço das idéias e acolhe propostas para aprofundá-las, do Brasil de Serra, cujo discurso progressista esfarela quando defende o desmantelamento do Estado para favorecer oligarquias, corporações e empresas sem escrúpulos.

No dia 03 de Outubro, o Brasil tem encontro marcado com o passado e o futuro; a possibilidade de avanço e o retrocesso concreto; a ruptura do preconceito étnico e sexual e o avanço do preconceito; entre reconhecer a ditadura militar como canalha e assassina ou a ditabranda.

Para concluir, uma pergunta: onde você guarda o seu Brasil?

Pense nisso!

17 de set. de 2010

Procura-se bom jornalismo!

Na universidade, tem um professor, do qual sou aluno, que diz: "hoje fazemos um tipo de jornalismo que não incomoda ninguém". Para ele, os jornalistas atuais fazem somente matérias positivas sobre qualquer tema, de qualquer editoria - cultura, economia, política, etc. 

Discordo em parte, pois os jornalistas têm atuados sob duas vertentes: a primeira, relacionada ao negócio das empresas, que está em estagnação e até mesmo em falência. 

A versão impressa do Jornal do Brasil (JB) já deu o seu "adeus" as bancas. O jornal que fez sucesso nos anos 70 e abrigou  jornalistas do calibre de Tutty Vasques e Alberto Dines, sucumbiu. Saiu da UTI com sepultamento destinado. Agora sua "alma" vaga pela rede virtual. 

O JB e outros conglomerados procuram a solução na web. Mudaram a plataforma; a lógica do negócio é a mesma. Fadado ao fracasso novamente.

A segunda vertente se refere ao engajamento político-partidário dos profissionais, para os dois lados - esquerda e direita. De forma exacerbada, os colegas da grande mídia fazem à revelia das leis eleitorais, oposição escancarada, disfarçada de "liberdade de imprensa", ao governo. E apoiam, também disfarçado de "imparcialidade", o candidato da oposição.

Trocando em miúdos: o objetivo é eleger José Serra e derrotar Dilma Rousseff. E para isso vale tudo, até mesmo burlar a legislação eleitoral.

Esse mesmo professor acredita que é possível ser imparcial, objetivo e claro em uma matéria jornalística. De fato, é possível chegar a esse patamar. Para isso é necessário ter em mente três elementos fundamentais:

1) domínio da língua portuguesa e das técnicas jornalísticas. Para isso, o diploma torna-se um parâmetro mínimo para obter esse domínio. Repito: parâmetro mínimo;

2) Fazer uso consciente das informações que, graças a internet, estão disponíveis gratuitamente via web e; 

3) Ter honestidade intelectual consigo mesmo.

Dominar a língua portuguesa e escrever bem, qualquer indivíduo que pratique o hábito da escrita consegue. O que difere um escritor de um jornalista, não é somente o que ele escreve, mas como ele escreve. 

O jornalista, assim como um escultor, consegue dar as mais variadas formas para um texto, sem perder os três pilares fundamentais da notícia: informação, interpretação e opinião.

É possível passar uma informação e ser objetivo? Sim, isso é possível. Além de dominar a língua e as técnicas, o jornalista que possui diferencial utiliza as informações de forma adequada. 

Analisa, descontrói e também compara dados e informações. Com isso, ele constrói um raciocínio, que pode ser ou não ser: a decisão ficará ao leitor. Contudo, cabe ao jornalista propor debate sobre temas "cabeludos", mesmo que sua religião ou crença filosófica sejam contra. O jornalista é um "especialista em especialistas", segundo o docente de quem sou discente. E com orgulho.

Por fim, a honestidade intelectual significa que é impossível aprender e saber tudo sobre o mundo do conhecimento. Impossível sim é ignorar nossa capacidade intelectual e o pior: ignorar a capacidade do outro.

O desvio de honestidade intelectual se vê quando os meios de comunicação pronunciam, de forma velada, o preconceito contra o atual Presidente da República pelo fato de não saber falar inglês. Entretanto, ignoram sua capacidade política, de negociação e de persuasão. 

A sinergia entre o seu discurso aparentemente "tosco" e seu público-alvo - uma massa desorganizada politicamente e desamparada socialmente - não foram captadas pela mídia, que hoje custa a entender por qual motivo um trabalhador com ensino técnico chegou ao Palácio do Planalto e sairá dele com 80% de aprovação.

O êxito de Lula vai além das políticas públicas e da mobilização social promovida em seu governo. Sua popularidade está também relacionada com a capacidade de domínio do signo linguístico, que converge para a população mais carente, conhecida pejorativamente como "povão".

A loucura e a perda gradativa de domínio sobre o noticiário, com o advento da internet e das redes sociais, leva alguns veículos e jornalistas a adotarem uma postura equivocada diante da realidade. Aos poucos, a grande mídia deixa de ser espelho da realidade para construir sua própria realidade.

Isolada do contexto socioeconômico que vive o Brasil, Globo, Folha, Veja, Estadão e outros conglomerados midiáticos se agarram com unhas e dentes a esse ideal: levar Serra ao poder.

Rasgaram os manuais de jornalismo, os códigos de ética, as legislações de comunicação e a Constituição. O casal Bonner, símbolo da imparcialidade na televisão brasileira, perdeu a (com)postura na sabatina com Dilma Rousseff, no dia 09 de Agosto.

William Bonner, apresentador moderado, equilibrado e elegante, surge enfurecido e descontrolado. Seu ímpeto raivoso precisou ser contido pela esposa e também âncora do JN, Fátima Bernardes, que deu nas entrelinhas o tom do debate: "William, você está exagerando".

No dia seguinte - 10 de Agosto - na sabatina com José Serra, o tom era de conversa de botequim: bate-papo descontraído e sem cortes. A equipe de cerimonial do JN deixou a desejar na distribuição de café e bolachas para a o "tea party" em pleno horário nobre: faltou mais.

Depois dos quatro debates, algo ficou nítido para o telespectador: a máscar caiu. A pouco dignidade que ainda do telejornal mais famoso do Brasil desapareceu suave, descompromissada e atrevida como água indo para o ralo.

A situação se tornou insustentável, que correligionários do governo, como José Dirceu, pedem intervenção na imprensa. José Serra, de seu modo, constrange jornalistas quando fazem perguntas sobre temas incômodos, como pedágios, escândalo Verônica Serra e o resultado das pesquisas. A imprensa se tornou "menina de recado" da esquerda e da direita. 

A opinião do professor, acredita esse ordinário blogueiro, pode estar em discordância, pois a mídia tem se engajado para incomodar certas pessoas e setores. O lamentável é que isso só aconteça de um lado das classes sociais. 

Quanto a interferência nos meios, ese ordinário blogueiro acredita que a internet anarquizou as relações de poder e de hierarquia da informação. Tem espaço para a mídia neste cenário, mas é difícil reveter o que está se consolidando no meio impresso: falência no modelo de negócios aplicado ao jornaismo e jornalistas.

Para melhorar a mídia e o jornalismo no Brasil, não é necessário interferência. A fórmula para mudança é simples: aumentar a liberdade de imprensa e diminuir a liberdade de empresa.  

16 de set. de 2010

Brasileiro feliz; mídia triste!

O brasileiro está mais feliz e consumindo mais, diz o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Segundo o Índice de Expectativas das Famílias (IEF), 58,3% acreditam em momentos bons para a economia nacional.

A região Centro-Oeste (68,14%), junto com a Norte (66,19%) e Nordeste (66,30%) são as que estão mais otimistas com a economia. Outro dado interessante da pesquisa: o otimismo está presente sobretudo em quem ganha mais de 10 salários mínimos (69,23%) e entre os mais jovens de 16 a 39 anos (62,11% e 60,35%, respectivamente).

O índice aponta ainda que os pardos (60,96%) e os negros (63,77%) esperam momentos positivos na situação financeira do país. Os números mostram duas coisas: 

1) Pessoas que só lembravam das finanças na hora de pagar as contas, estão agora consumindo bens duráveis - carro, geladeira, casa, etc;

2) Pessoas que só eram lembradas nas novelas de época como escravos, agora estão mostrando a sua cara. Os negros e pardos não estão deixando sua cor passar em branco. 

A região Sudeste, onde fica o estado de São Paulo, tem 59,09% de expectativa. Um índice considerado "moderado", segundo a pesquisa. É provável que a porcentagem indique o momento que SP vive politicamente. 

Os números ficam ainda mais interessantes se se compara com a entrevista que o ex-governador, Cláudio Lembo (DEM), deu ao portal Terra. Para ele, o Brasil não tem mais partidos políticos, mas um "movimento social coordenado por Lula". Para Lembo, "a oposição terá um resultado mau, muito ruim no pleito, e sai sem voz".

A mídia, o braço forte da oposição, tentou desqualificar o IPEA, mas o instituto tratou de tornar públicas as respostas ao jornal "O Globo". O IPEA faz análises muito profundas, inclusive criticando políticas do atual governo Lula. Segundo o jornal carioca, o instituto faria pesquisas pró-governo. 

Basta ver o comunicado divulgado em 17/08, na página do instituto: "Em junho, a qualidade do desenvolvimento recuou". A pesquisa é balizada, sem elogios ao governo. Pelo contrário: aponta falhas e caminhos a serem melhorados.

Aonde está a pesquisa "pró-governo" que o jornal alega existir? 

Eduardo Pessoa

6 de set. de 2010

Meu partido é um coração partido

Os partidos políticos são resultado da complexidade do mundo capitalista contemporâneo. Já existia, no século XIX, a idéia de partido como "parte" ou integração do indivíduo em uma "parte" socialmente difundida e aceita. Mas os partidos políticos possuem características e peculiaridades diferentes.

1) Os partidos políticos trabalham com a lógica do interesse, palavra de origem latina que significa "estar entre", "participar". Os partidos não acompanham os anseios da "massa" que dizem representar, por conta dos conflitos, internos e externos, que precisam resolver.

Os conflitos internos acontecem por grupos, dentro da organização partidária, que querem ascender dentro da estrutura, chegando ao grupo "majoritário", isto é, ao conjunto de burocratas que controlam o partido.

Outra forma de conflito interno é quando grupos dentro de um mesmo partido assumem posições diferente. Exemplo: partido dos ruralistas e dentro dele, um grupo a favor da reforma agrária (isso não existe, ok? apenas situação hipotética).

Os conflitos externos acontecem quando tem divergência entre a realidade social e a retórica do partido político junto ao seu "público-alvo".

2) Os partidos políticos trabalham com o conceito de "dissimulação-simulação", isto é, a criação de um discurso em que elementos de linguagem comum ao seu público-alvo são usados para mostrar ou esconder propostas de campanha. 

Em 2002, por exemplo, Lula chegou a Presidência da República com o discurso de que "a esperança venceu o medo", mas prometeu aos banqueiros e ao mercado financeiro, estabilidade monetária. Para realizar os avanços sociais prometidos na campanha (proposta real), prometeu estabilidade monetária (dissimulação).

Da mesma forma, o candidato José Serra (PSDB) diz que vai manter as políticas sociais do governo Lula (dissimulação), para realizar as privatizações iniciadas no governo FHC (proposta real).

3) Para ter êxito na conquista do poder, os partidos políticos trabalham com conceito de eficácia e eficiência. Para atingir a eficiência, é criada uma estrutura. A auto-organização e em alguns casos, a clandestinidade que marca mo nascimento do partido desaparecem a medida que a conquista do poder torna-se tangível. 

Os partidos políticos assumem características de uma grande empresa, com organograma, diretoria, gerência, sedes regionais, etc. A estrutura abriga, dentre outras coisas, uma hierarquia de dirigentes (burocratas) e dirigidos (filiados, militantes, etc.).

4) Os partidos políticos trabalham com o conceito de "desvinculação". A medida que o partido ganha proporções gigantescas e passa a abranger um número maior de pessoas em suas fileiras, as idéias iniciais que permearam sua criação vão desaparecendo. 

Os partidos independem da "massa" que o constituiu, se tornando ele mesmo auto-sustentável. Criam-se outras "fontes" de sustentação ideológica.

Assim, o PSDB, que é um partido de direita, tem em suas fileiras trabalhadores e não apenas empresários ou donos dos meios de produção. O PT, partido nascido na classe trabalhadora, recebe atualmente adesão de empresários e industriais.

5) A auto-sustentabilidade dos partidos políticos permitem que estes façam aliança com outros partidos, de proposta teoricamente opostas. Alianças inimagináveis, diga-se de passagem. 

Seria inimaginável uma aliança entre o PT, dos trabalhadores, e o PMDB, de José Sarney, criticado a exaustão por Lula no passado. De igual forma não se imaginaria o PSDB, de José Serra, recebendo apoio do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), fundado por Getúlio Vargas, principal opositor da direita que deu origem ao partido de Serra.

A tecnologia proporcionada pela internet e as redes sociais - Twitter, Facebook, Youtube - possibilitou a mudança do perfil do indivíduo.  Agora, ele é "prossumidor", ou seja, consumidor de informação e também produtor de conteúdo informativo - textos, vídeos, etc. 
Com isso, o indivíduo pode se organizar de forma autônoma, sem filiação a partido político. Em suma, auto-organização. 

O objetivo do texto não é criticar este ou aquele partido político, mas refletir sobre o real papel que eles desempenham na sociedade e como eles podem contribuir para levar as pessoas, em especial a classe dominada, a auto-organização e autogestão, ou se eles são apenas "extensões" da dominação burguesa.

Diamante e El Tigre

Entre a década de 30 e 40 do século passado, passaram por essas terras brasileiras dois gênios do futebol: Arthur Friedenreich e Leônidas da Silva. Este nascia hoje, dia 06 de Setembro e aquele falecia nesta data.

Friedenreich com a camisa do Tricolor Paulista
Friedenreich nasceu no dia 18 de Julho de 1892, na cidade de São Paulo. Em 1888, ou seja, quatro anos antes, o Brasil colocaria um fim na escravidão. Antes tarde do que nunca: fomos o último do continente a abolir o regime.

A abolição não passou de uma formalidade legal. Na prática, os negros foram jogados a própria sorte. Sem emprego, instrução e sem política de reforma agrária, eles buscaram formas alternativas de sobrevivência. O futebol passou a ser uma delas.

Mas Friedenreich, negro com sobrenome alemão, herdado do pai, entrou com certa "facilidade" nos clubes frequentados por brancos. Jogou no Flamengo, no Internacional e teve uma carreira de sucesso no São Paulo Futebol Clube, de 1930 a 1935.

"Fried" e "El Tigre", como era conhecido Friedenreich, nasceu no período em que Charles Miller, brasileiro de origem escocesa, trazia o futebol para o Brasil, depois de passar uma temporada na Inglaterra, jogando pelo Southampton.

Friedenreich foi um dos propagadores do esporte no Brasil, dando a ele a "ginga" que os jogadores brasileiros são conhecidos em todo o mundo: finta com o corpo, dribles curtos e chute potente. Termos que os amantes do futebol conhecem e vêem nas jogadas desconcertantes.

Já Leônidas da Silva nasceu em 1913, na cidade do Rio de Janeiro. Conhecido como "Diamante Negro", a ele é atribuída a invenção da jogada "bicicleta". Como um beija-flor, na bicicleta o jogador recebe a bola na grande área, vira seu corpo a 90 graus, levanta a perna de base e em seguida imprime a força no pé que irá acariciar a bola para o fundo da rede.

A criação atribuída a Leônidas da Silva: a bicicleta.
Leônidas e Friedenreich são filhos do futebol e do Brasil que nega a existência de uma etnia afro-brasileira. Não nega quando eles estão nas quatro linhas ou dentro do gol.

Como eles reagiriam vendo o jogador Neymar, do Santos, dizendo, em entrevista ao Estadão, que "não sofre de racismo, porque não é preto"? Como eles reagiriam vendo o futebol da Seleção Brasileira, com muitos craques sem brilho e comprometimento?

Fried foi contra a profissionalização do futebol. Talvez antevisse um futuro nada promissor para o esporte: muito dinheiro e pouca arte.