6 de set. de 2010

Diamante e El Tigre

Entre a década de 30 e 40 do século passado, passaram por essas terras brasileiras dois gênios do futebol: Arthur Friedenreich e Leônidas da Silva. Este nascia hoje, dia 06 de Setembro e aquele falecia nesta data.

Friedenreich com a camisa do Tricolor Paulista
Friedenreich nasceu no dia 18 de Julho de 1892, na cidade de São Paulo. Em 1888, ou seja, quatro anos antes, o Brasil colocaria um fim na escravidão. Antes tarde do que nunca: fomos o último do continente a abolir o regime.

A abolição não passou de uma formalidade legal. Na prática, os negros foram jogados a própria sorte. Sem emprego, instrução e sem política de reforma agrária, eles buscaram formas alternativas de sobrevivência. O futebol passou a ser uma delas.

Mas Friedenreich, negro com sobrenome alemão, herdado do pai, entrou com certa "facilidade" nos clubes frequentados por brancos. Jogou no Flamengo, no Internacional e teve uma carreira de sucesso no São Paulo Futebol Clube, de 1930 a 1935.

"Fried" e "El Tigre", como era conhecido Friedenreich, nasceu no período em que Charles Miller, brasileiro de origem escocesa, trazia o futebol para o Brasil, depois de passar uma temporada na Inglaterra, jogando pelo Southampton.

Friedenreich foi um dos propagadores do esporte no Brasil, dando a ele a "ginga" que os jogadores brasileiros são conhecidos em todo o mundo: finta com o corpo, dribles curtos e chute potente. Termos que os amantes do futebol conhecem e vêem nas jogadas desconcertantes.

Já Leônidas da Silva nasceu em 1913, na cidade do Rio de Janeiro. Conhecido como "Diamante Negro", a ele é atribuída a invenção da jogada "bicicleta". Como um beija-flor, na bicicleta o jogador recebe a bola na grande área, vira seu corpo a 90 graus, levanta a perna de base e em seguida imprime a força no pé que irá acariciar a bola para o fundo da rede.

A criação atribuída a Leônidas da Silva: a bicicleta.
Leônidas e Friedenreich são filhos do futebol e do Brasil que nega a existência de uma etnia afro-brasileira. Não nega quando eles estão nas quatro linhas ou dentro do gol.

Como eles reagiriam vendo o jogador Neymar, do Santos, dizendo, em entrevista ao Estadão, que "não sofre de racismo, porque não é preto"? Como eles reagiriam vendo o futebol da Seleção Brasileira, com muitos craques sem brilho e comprometimento?

Fried foi contra a profissionalização do futebol. Talvez antevisse um futuro nada promissor para o esporte: muito dinheiro e pouca arte.

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