2 de out. de 2010

Falha da Folha: Folha tira Falha

O jornalista Rodrigo Vianna conversou com Lino Bocchini, administrador do blog "Falha de São Paulo", censurado pelo jornal Folha de São Paulo, por determinação judicial. 

O blog, uma crítica bem-humorada a Folha, usado inclusive por tucanos - segundo Bocchini - foi censurado por causa da marca. 
Para Bocchini, a marca foi uma desculpa usada pela Folha para censurar o blog. 

Enquanto o Estadão assumiu sua candidatura em Serra, a Folha fica em cima do muro e ainda por cima censurando blogs.

Que Falha, hein Folha?

Segue o post, publicado no blog Escrevinhador (original aqui):

===

Conversei há pouco com Lino Bocchini, um dos responsáveis pelo site “Falha de S. Paulo” – tirado do ar por determinação judicial, a pedido do impoluto diário mantido pela família Frias (guardiã da democracia e dos bons costumes nacionais).

O site fazia a crítica bem-humorada das barbaridades cometidas pela “Folha”. E oferecia uma ferramenta que permitia ao internauta compor a sua própria manchete da “Folha”.

“Isso se transformou num viral, até gente do PSDB usava o site para produzir manchetes de gozação que interessassem a eles. Uma brincadeira livre”, disse Lino.

Ele e o irmão criaram o “Falha” para criticar de forma bem humorada “um jornal que finge ser imparcial, mas é partidarizado”.

O “Estadão”, recordou Lino, declarou voto no Serra, mas a “Folha” não consegue sair do armário,  o que segundo ele não engana ninguém: “Vejo que a Folha tem um lado, tem posicionamento, candidato – tudo bem, mas porque não assume?”

Ele diz que considera a atitude do jornal “uma violência” e completa: “quando a Folha fez aquele editorial na primeira página, supostamente pra defender a liberdade, deu a entender que ninguém está acima das críticas, mas pelo jeito isso vale pra todo mundo menos para a Folha”.

Esse escrevinhador disse ao Lino que o advogado do jornal – aparentemente – usou a defesa da marca para tirar o site do ar: “A questão da marca foi só a brecha que eles encontraram; o fato é que a Folha mostrou como é contraditória – defende a liberdade de expressão pra ela, mas quando passa a ser vítima de crítica, aí o jornal se transforma em censor de fato”.

Perguntei como ele se sente, como cidadão. “Eu me sinto censurado, eu fui censurado pela Folha”.

O blogueiro censurado lembrou que paródias de meios de comunicação são comuns no mundo todo. Nos Estados Unidos, segundo ele, há um site que parodia a Fox News. “E aqui no Brasil já houve a Bundas, uma paródia da revista Caras. Já pensou se a Caras fosse se preocupar em recolher das bancas a Bundas?”. 

Lino estranhou ainda que no Brasil haja liberdade para que o presidente da República seja chamado de “Mula” ou de “Anta” no título de um livro. Mas não haja liberdade para que um site com média de mil acesos por dia faça paródia da “Folha”.

No fundo, disse Lino, a turma da Barão de Limeira mostrou-se muito inábil: “Foi um erro estratégico deles, deram visibilidade ao site! E a reação na internet mostra que as pessoas não aceitam mais esse tipo de palhaçada. Não tenho nem advogado ainda, mas pretendo levar adiante essa briga. É uma briga boa, didática. Nem que o site volte daqui a um ano – se é que vai voltar. Mas é uma chance de mostrar ao país quem são esses caras: os donos de meios de comunicação ainda acham que só eles podem bater, brincar, criticar. Esse tempo acabou”.

É verdade, Lino. Esse tempo acabou. Mas o Otavinho não percebeu.

É preciso dizer duas coisas ao diretor do jornal:

- Todo poder tem limite;

- Fique advertido, seu tempo de falar sozinho acabou!

Nenhum comentário:

Postar um comentário