19 de nov. de 2010

ENEM, mídia e a luta pelos pobres

Este ordinário blogueiro não teve a mesma oportunidade de outros milhões de jovens brasileiros. Ingressou na universidade - de onde espera sair logo - através do tradicional vestibular. Foram cinco as tentativas de ingressar na Universidade de Brasília (UnB) todas em vão.

Uma vez para o curso de Geografia e cinco para Comunicação Social.

Hoje, esses jovens utilizam o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) para ingressar nas universidades públicas e também para ganhar pontos no Programa Universidade para Todos (ProUni), que garante acesso a renomadas universidades particulares com bolsas de 50% a 100%.

O ENEM foi realizado mais de 4,5 milhões de estudantes em 1.698 cidades brasileiras. O presidente norte-americano Barack Obama ingressou em Harvard pelo ENEM, conhecido lá como SAT.

O ENEM é uma idéia importada - pasmem! - dos Estados Unidos. Foi aperfeiçoada para nossa realidade. Lá fora, a elite bate palma pelas iniciativas sociais; aqui, tudo vira um "horror"

O ENEM usa o método TRI - perguntas diferentes com idêntico grau de dificuldade. Só assim é possível aplicar a prova em dias e locais diferentes.

Apesar das falhas, o ENEM é um sistema que garante acesso democrático ao Ensino Superior, já que para fazer o exame, o aluno não precisa pagar cursinho. Basta o que aprendeu no Ensino Médio.

O exame avalia a qualidade do Ensino Médio no país, permite ingresso em Universidades Públicas e dá pontos para o ProUni.

E porque o ENEM incomoda tanta gente?

O ENEM está colocando a educação superior como universal e acessível. Custa R$ 35,00 a inscrição, mas quem for de baixa renda ou pobre paga nada.

Isso mesmo: nada!

Incomoda porque o filho do deputado e do empresário vai ter que disputar vaga com o filho do "vagabundo" que vive graças ao Bolsa-Família, chamado pela elite de "Bolsa-Vagabundo".

O exame incomoda pois tira o "poder" da indústria dos cursinhos pré-vestibulares, que ganham uma fortuna na incerteza, no medo e nos sonhos dos jovens que querem ingressar em uma universidade.

O exame incomoda pois muita gente que não tinha condições de chegar à universidade está chegando e fazendo bonito.

Com mais pessoas ingressando nas universidades, o mercado de trabalho vai ficar mais competitivo. As pessoas precisam buscar qualificação.

Isso significa que o filho do rico irá disputar, de igual para igual, uma vaga com o filho do "vagabundo". Ele terá que aprender ou vai ficar desempregado. Na prática, sabemos que isso não acontece dessa forma, mas é a tendência para o futuro.

A crítica da mídia ao ENEM não é de natureza técnica; é de natureza política. Eles criticam o exame, porque está incluindo os pobres. O exame acaba com a exclusividade desse grupo.

"A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte...", já cantam os Titãs. O Brasil está em plena fase de desenvolvimento econômico. A educação precisa acompanhar esse ritmo e recuperar os anos de atraso.´

É impossível ter educação de qualidade com escolas particulares cobrando mensalidades absurdas. Antes do Governo FHC, Brasília tinha 3 universidades particulares e uma pública - a UnB.

Depois do governo dele, foram criadas 70 faculdades particulares. Elas não oferecem ensino de qualidade, mas "fast-food" como o McDonalds. O aluno compra um grande "BigMac" e sai com o sanduíche - o diploma - no final da fila. Tudo rápido, em menos de dois anos.

FHC não criou Escolas Técnicas, porque ele criou universidades e faculdades "fast-food". É mais fácil, tira a responsabilidade do Estado e ainda ganha uma "grana".

Mas Fernando Haddad, Ministro da Educação, não quer ganhar "grana". Ele quer que o ENEM seja inclusivo.

Os ricos e a mídia odeiam inclusão.

Educação e cultura? Só a erudita.

Eles sentem saudades de Goebbels, ministro da propaganda Nazista, que dizia: "Quando eu ouço falar em cultura, eu puxo o revólver".

Eduardo Pessoa

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