9 de out. de 2010

Abortando o tema

Este blogueiro pretende abortar o tema "aborto", divulgado exaustivamente nas últimas semanas. Embora o tema mereça amplo destaque e tem, por direito, atenção reservada de toda sociedade, este blogueiro quer colocar uma "pedra" não por hipocrisia, mas sim pela forma esdrúxula e reacionária como surgiu.

Nascido provavelmente de trolls (baderneiros virtuais) tucanos, que propagaram correntes via e-mail e youtube, o aborto despertou a fúria de conservadorismo que nos parecia adormecida, mas que ressurgiu com disposição de lançar o Brasil no mais completo obscurantismo.

Nem a TFP - sigla de Terra, Família e Propriedade - fugiu da citação após comentários associando Dilma Rousseff como paladina da morte e de a favor do aborto.

A miopia religiosa é tão grande, que é impossível perceber os perigos que um eventual conflito religioso pode gerar. Apesar dos conflitos urbanos e das guerras entre religiões, no Brasil não existe (ainda) um episódio de grandes proporções, provocado por conflito espiritural.

Ah sim: me refiro a fato atual. O massacre dos índios e dos negros durante nossa fase de colonização, de certo configuram em guerras religiosas, cujo dominador - os portugueses - se apossou com prioridade, ludibriando mentes e corações dos colonizados. O efeito surte resultado ainda hoje.

A miopia não deixa que as pessoas vejam que Dilma Rousseff tem duas posições distintas quanto ao aborto. Primeiramente, é necessário analisar de qual delas se está falando. 

A mulher Dilma, mãe de Paula e recentemente avó não se posiciona a favor do aborto, pois embora tenha sido torturada com choque na ditadura militar, Dilma não pensou em aborto.

Do outro lado tem a candidata Dilma, cuja crença diz que o aborto é uma questão de saúde pública. Ela acredita que as mulheres não podem ser taxadas por uma decisão de foro íntimo, que cabe somente às mulheres. 

O Estado tem que apenas prover os meios para que isso aconteça de forma responsável e segura, sem maiores sequelas psicológicas para a paciente. Dispondo dessas ferramentas em mãos, a abortante - se assim podemos chamar - pode deixar de utilizar os açougues, hot dogs e outros estabelecimentos clandestinos que faturam com o desespero e a chantagem.

Nivelar o debate somente pelo viés da religião pode ser perigoso para o país e sobretudo para o desenvolvimento social e humano da nação, capital mais valioso que o Brasil tem.

Eduardo Pessoa

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