1 de nov. de 2010

Dilma e a Ley de Medios

O Brasil acordou no dia 1º de Novembro, com a certeza de que em Janeiro de 2011 as políticas públicas implementadas por Lula e Dilma terão continuidade. A nova postulante ao cargo, Dilma Rousseff, ganhou as eleições com 56,05% dos votos e Serra, que desde 2002 estava estacionado em 30%, ganhou 44% das votações.

Desde a redemocratização, o Brasil vem assistindo a episódios isolados de manipulação midiática. De 2002 para cá, a sutileza deu lugar ao engajamento político-partidário de setores da mídia que forneceram mão de obra, espaço em seus veículos e palavras de semânticas das mais variadas para atacar o governo Lula.

Do dedo perdido em um acidente de trabalho, passando por designar o Presidente como "bêbado", "analfabeto" e "ladrão" até chegar agora a chamar a Dilma de "fantoche", a mídia usou de todos os artifícios para derrubar Lula. Não cabe a imprensa o papel institucionalmente conferido para se "curvar" diante de políticos e governantes. Tem razão.

O que causa estranheza no público é a mídia usar a imparcialidade para apoiar Serra e discriminar Lula e Dilma.

Este blogueiro sugere que a primeira medida de Dilma seja a criação de uma Ley de Medios e o fortalecimento dos conselhos estaduais até chegar no Conselho Federal de Comunicação. Nada de anormal, se compararmos que o Reino Unido tem o Office of Communications - OfCom e nos Estados Unidos tem a Federal Communications Comission - FCC, órgãos regulamentadores da comunicação nos dois países.

Acontece que para a mídia e a oposição que apoia com unhas e dentes, não interessa a democracia, mas sim salvaguardar seus privilégios de classe e interesses particulares. Esse grupo, representado nos 3% que rejeitam o Governo Lula, destila em seus veículos amigos todo o ódio e preconceito que apareciam velados nas palavras, nos discursos e na prática social.

Com Dilma eleita e que receberá a faixa de presidente no dia 1º de Janeiro, a postura não será diferente. Por ter combatido a ditadura, assumir-se de esquerda e ser incisiva em suas declarações/afirmações, a mídia aliada aos políticos do PSDB, usarão toda sorte de expediente para desqualificar seu governo e seus feitos.

Vão dizer que ela é fantoche, treinada, amestrada, que "não vai dar conta", enfim... rebaixar a futura presidenta e toda a simbologia que ela representa - fim do sexismo institucionalizado - será o mote dos veículos - Veja, Folha, Estadão, Globo - para 2011.

Para que atinja a governabilidade e possa dialogar de forma civilizada e coerente com a oposição - ou que surgir a partir dela - é de extrema importância que a mídia saiba seu papel institucional na sociedade.

O apoio a panfletos apócrifos e bolinhas de papel jogaram na lama a pouca credibilidade que lhes restava. Jornalistas da Rede Globo de São Paulo vaiaram Ali Kamel e sua edição esdrúxula do episódio que ficou conhecido como a "bolinha de papel".

A atuação desses grupos na cobertura da campanha eleitoral suscitou um debate sem precedentes na história da mídia. O que eles mais temiam aconteceu: a vitória de Dilma.

Lula conseguiu governar e ter aprovação de 80% sofrendo bombardeios diários da mídia correligionária de Serra. Dilma sofrerá ataques semelhantes - se não, piores.

A diferença entre Lula e Dilma é que a Dilma não é o Lula. Dilma é incisiva e fala firme quando tem que falar. Veremos como ela conduzirá o seu relacionamento com a mídia, em especial esses grupos correligionários de Serra.

Uma coisa é certa: para a democracia poder respirar, Dilma não pode fazer "média". Tem que fazer a Ley de Medios.

Eduardo Pessoa

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